Um post especial e diferente de tudo que já coloquei aqui no blog. Não é um dos meus textos, nem meus contos, nem dicas de livros e nem mesmo entrevista. O post é dedicado a algo que me alegrou muito fazer, que me deixou feliz e com o sentimento bom que nenhuma palavra no mundo é capaz de expressar. Pode parecer meio tolo ou exagerado de minha parte, mas sim, me senti uma pessoa melhor.
Estava há cerca de meia hora lá quieta quando de repente meu vizinho, um senhorzinho de oitenta anos por quem tenho um imenso carinho, chegou em casa e foi para o seu quintal onde ele fuma seu cigarrinho noturno. Ele levou um pequeno rádio à pilha e ele sintonizou alguma estação AM e então começou tocar uma música que muito ouvi na minha infância, lá no interiorzinho pequeno onde minha avó ia todas as manhã no sÃtio e eu ia junto quando podia, brincando no caminho de terra com muito mato verde, muitas flores de beira de estrada e eu ia alegremente saltitante colhendo as flores, rindo e feliz. Lá, eu cultivava meu altar de pedras, tinha meu mundo inteirinho pra mim, meu castelo de pedras a minha frente. Eu tive uma infância difÃcil por razões de saúde, mas minha avó nunca deixou de me fazer uma digna princesa já que ela era a rainha. Aprendi tanto, sorri tanto, fui tão feliz apesar de tudo.
A vida dele era vazia, nada tinha de alegria.
A vida dela era calma, com paz na alma.
Ele o esperava.
Ela nem sonhava em encontra-lo.
Um dia o sol sorriu no horizonte.
Ele pegou a mochila, o violão e saiu.
Ela pegou seu chapéu, o pincel e saiu.
Vida de arte, vida de completação, vida que vive com vida, que ama a vida e que é vida...
Duas vidas que podem e são uma vida só.
Tá ficando tarde, é meu último dia aqui.
Quero ainda sentir a brisa do mar no meu rosto.
Ver o sol nascer e se por.
É meu último dia aqui.
A água cai gelada na minha pela, é o último banho de bica.
As malas estão prontas.
O carro abastecido.
É meu último dia aqui e está ficando tarde.
Ainda há tempo de um último sorvete ou um último suco cÃtrico?
Já é tarde, eu tenho que ir.
Quem sabe eu volte, quem sabe eu ainda plante raizes aqui.
Contar as horas
Vira o meu avesso e me reencontra.
Me mima, menina...
Me refaz e me conduz.
Me ilumina, menina...
Me distrai e me desenha.
Me eterniza, menina...
Eu me reformo, eu me escrevo, eu deixo a cor que eu quiser...
Eu caio fácil, levanto rápido, eu me componho de nós...
Cada nó um novo laço... Eu me desato!